Pleasantville a vida em Preto e Branco
11:20:00
No mundo insípido de Pleasantville, não existe arte, nem sexo, nem incertezas, nem chuva. Papai sabe tudo, mamãe empaturra a família de panquecas no café da manhã, o time de basquete nunca perde, e a vida segue um curso inócuo e previsível. Esse é o cenário de A Vida em Preto e Branco (Pleasantville), primeiro filme do roteirista de Quero Ser Grande, Gary Ross, uma fábula sobre a utopia e a afirmação da individualidade. O filme foi indicado para o Oscar de trilha sonora, figurino e direção de arte.
A reprimida Joan Allen descobre os prazeres proibidos a um casamento de mentirinha
A imaginária Pleasantville é um seriado de TV da década de 50, embebido nos valores morais e anti-sépticos do sonho americano da época, com suas casas ajardinadas e famílias perfeitas. O antigo seriado é uma das paixões de David (Tobey Maguire), que vê em Pleasantville um mundo sem conflitos e agressões, partilhando com a irmã Jennifer (Reese Witherspoon) os problemas de uma típica família desmembrada da década de 90.
Uma noite, um misterioso técnico de televisão (Don Knotts) percebe o imenso conhecimento de David sobre Pleasantville e oferece aos garotos um controle remoto especial. Ao apertar um botão, David e Jennifer são sugados para dentro da TV, transformados nos filhos em preto-e-branco de George (William H. Macy) e Betty Parker (Joan Allen), a família perfeita do seriado: Mary Sue e Bud.
Enquanto "Bud" tenta convencer a irmã de que eles devem viver de acordo com as regras imutáveis do seriado para não abalar o mundo equilibrado dos personagens, a voluntariosa Jennifer logo coloca sua insatifação a serviço de uma saudável anarquia. Depois de despertar a libido do capitão do time de basquete, a ordem de Pleasantville nunca mais será a mesma.
Com a descoberta de prazeres e possibilidades insuspeitadas em seu universo estático, a cidadezinha começa a se tingir com cores vivas, contrastando com a mesmice monocromática e com os defensores da antiga Pleasantville, ressentidos com a destruição de seu acalentado status quo.
Os sentimentos edulcorados dão lugar à raiva, paixão, ciúme e insatisfação, que acabam colorindo a cidade com os tons da vida como ela é, em efeitos visuais impressionantes, desenvolvidos especialmente para o filme.
As melhores cenas são protagonizadas por Joan Allen, a reprimida e literalmente fogosa dona-de-casa que descobre tardiamente os prazeres do sexo e se apaixona por Mr. Johnson (Jeff Daniels, o mesmo ator que sai da tela em preto-e-branco de um filme para a vida de Mia Farrow em A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen). Dono da lanchonete onde Bud trabalha, Mr. Johnson percebe sua paixão pela arte e pinta, com todas as cores proibidas pelas autoridades locais, um mural vívido dos sonhos que o conformismo deixou para trás.
Bom Filme
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